
Vou começar do começo:
em primeiro lugar,
um olhar, você sabe,
não tem preço;
não é algo que se possa avaliar,
pagar com cartão credicard,
visa internacional, amex,
com um ou vários cheques,
cheque especial e coisa e tal.
Não insista: um olhar não se compra nem à vista.
O meu é meu e eu carrego para onde vou:
cedo, empresto, dou, entrego quando quero.
Deixando de lero-lero:
o meu olhar, como o Amor, é cego,
não escolhe com discernimento a quem se dar.
Um olhar é uma jóia em si:
não se troca por diamante nem rubi.
Como o Amor e a Justiça,
que vive sempre vendada
e não vê nada,
mas leva espada e balança,
o meu olhar não se cansa
desses duelos de capa-e-espada tipo folhetim
– cada romance chinfrim!
“Entre les deux mon cœur balance”
– mas cada vez que o espadachim descendo a escada
de lance em lance derruba um adversário,
percebo que a lança é um mal necessário.
E voltando ao assunto, olha:
o meu olhar não vou vender,
eu sinto muito,
doa a quem doer.