É Proibido Chorar?

Quando uma dor muito grande chega aos corações dos que se afirmam cristãos e, em especial, dos espíritas, ela se extravasa pelos olhos, em gotas de pranto.
Nessa hora, é muito comum os adeptos da mesma filosofia, amigos, parentes se mostrarem admirados ante as lágrimas vertidas e formularem questões como:
Por que você está chorando? Você não é espírita? Onde está a sua fé?


E os que choram, já com a alma despedaçada, pelo evento triste pelo qual passam, ainda devem administrar essas atitudes que ferem a sensibilidade como lâmina afiada. Então, esses companheiros sofridos, que aguardavam um ombro amigo para chorar, um aperto de mão, um abraço, passam a sofrer em silêncio. Choram por dentro. Porque por fora lhes foi vetado, por censuras tolas e inconsequentes.

Quem disse que não se pode chorar ante um ser amado que parte para a pátria verdadeira?
Quem disse que não se pode verter lágrimas quando a carência bate à porta, nos braços do desemprego; quando o filho se envolve com drogas; quando a ingratidão chega, com seu punhal cruel?

Assim, justo é que se chore quando a alma se veste de luto, quando se envolve no manto da dor.
O fato de ser cristão ou de ser espírita-cristão não nos transforma em criaturas insensíveis. Ao contrário, aprende-se a sentir a dor alheia inclusive.
O que não é coerente é o desespero, a lástima, a queixa.
Mas, lágrimas? Por que não, se elas traduzem o estado d´alma em lamento?
Por que não, se o próprio Cristo chorou! Ele, o ser perfeito.
Pensemos nisso e sejamos mais autênticos e sensatos, com ponderações bem ajustadas sobre a dor alheia, que nos merece, ao demais, todo respeito.