Credo...

º
º
º


De tal modo é,

que eu jamais negá-lo poderia:

sou agarrada na saia da poesia!

Para dar um passeio que seja,

uma viagem de carro avião ou trem,

à montanha, à praia, ao campo,

uma ida a um consultório

com qualquer possibilidade, ínfima que seja, de espera,

passo logo a mão nela pra sair.

É um Quintana, uma Adélia, uma Cecília, um Pessoa

ou qualquer outro a quem eu ame me unir.

Porque sou humano e creio no divino da palavra,

pra mim é um oráculo a poesia!

É meu tarô, meu baralho, meu tricot,

meu i ching, meu dicionário, meu cristal clarividente, meus búzios,

meu copo d'água, meu conselho, meu colo de avô,

a explicação ambulante para tudo o que pulsa e arde.

A poesia é síntese filosófica, fonte de sabedoria, e bíblia dos que,

como eu, crêem na eternidade do verbo,

na ressurreição da tarde

e na vida bela.

Amém!




(Elisa Lucinda in "A Fúria da Beleza")